quarta-feira, 12 de novembro de 2014

Um aniversário diferente

Desde que eu fiz 16 anos eu fiquei um pouco neurótica com esse acontecimento chamado festa de aniversário. Eu nunca tinha parado pra pensar no por que disso até ter a ideia de escrever esse post. Acho que cheguei à raiz do problema simplesmente lembrando que no ano que eu fiz 15 anos, e estudava em colégio particular, muitas pessoas que eu conhecia alugavam discotecas e faziam super festas de 15 anos, fui a muitas delas (inclusive participei de um bolo vivo), mas não tive a oportunidade de fazer a minha (maldita – ou bendita – Oktoberfest que costuma estar acontecendo quando faço aniversário), não que meu aniversário tenha sido triste por causa disso, me diverti aos montes na Oktoberfest.

No ano seguinte, por um milagre do calendário meu aniversário não iria ser na Oktoberfest, então resolvi dar uma festa. Já que eu não tinha feito festa aos 15, achei justo aos 16 usar vestido branco, salto alto e coroa na cabeça (refletindo agora vejo que não fazia muito sentido, afinal de contas a festa era numa associação, em uma churrasqueira ao ar livre no meio de um bosque...), a festa foi muito boa, mas não sei se posso dizer que o desfecho também foi muito bom, já que o desfecho foi minha cara dentro do bolo que a minha mãe tinha gasto uma fortuna para comprar. Apesar disso na época, do meu ponto de vista, a festa tinha sido um sucesso. Depois disso, nos anos seguintes sempre planejei algo, seja um mega esquenta no meu salão para a Oktoberfest, seja uma festa para as minhas amigas meninas com várias bebidinhas (jello shots, gummy bears, batidas e etc). Honestamente essa última festinha das meninas foi a que eu mais gostei, e foi ano passado quando fiz 20 anos.



Meu aniversário é dia 25 de outubro, sim eu postei dia 27 e achei melhor não comentar nada sobre isso. Foi a primeira vez longe dos amigos de longa data, familiares, e do povo brasileiro que faz parte da minha vida em Blumenau. Pela primeira vez em seis anos eu não estava com aquelas borboletas todas voando pela minha barriga por causa do extremo nervosismo de ter preparado a festa e torcer que ela corresse como o esperado. Pela primeira vez em seis anos eu não sabia o que queria fazer, ou com quem. Tudo bem, estou sendo dramática, essa última frase é mentira hahaha O que eu queria é ir para Barcelona (porque sim, dia 25 de outubro foi um sábado!), mas a pessoa que eu queria que estivesse comigo em Barcelona não podia nessa data então acabamos atrasando um pouco os planos, e fomos para Barcelona dia 07 de novembro e voltamos no dia 10. O que me faz voltar ao drama anterior de: o que eu ia fazer no dia, mais especificamente na noite, do meu aniversário.

O que rolou no dia foi mais ou menos isso: fui ver o pôr-do-sol com a pessoa que eu mais queria que estivesse comigo neste dia no ponto mais alto de Braga, e depois disso seguimos para o Porto (cidade que é a minha paixãozinha aqui em Portugal) para uma noite diferente das que costumamos passar aqui, jantamos, tivemos aquele momento romântico a beira do rio, andamos pelos bares, e claro bebemos uns copos. Voltei relativamente cedo para Braga, por volta das duas ou três da manhã, e fui no Skype falar com as pessoas que mais fazem falta durante a minha estadia aqui: minha família, que preparou um bolo com velinhas, brigadeiro e balões pra mim! Nem preciso dizer o quão emocionada fiquei com aquilo tudo (claro que depois bateu o sentimento de gordinha:grrr não vou comer o bolo nem os brigadeiros hehe). E acabou encerrando assim o dia no qual eu faço anos.

Eu até tinha pensado em no final da história fazer uma super lição de moral dizendo que o que vale não é a festa, o quanto de álcool você vai beber, ou quantas pessoas vão estar com você, e por mais que eu quisesse ter mudado de planos sobre essa lição de moral, é impossível não descrever o que eu percebi a partir daquele dia, e como eu via esse dia de uma forma que agora para mim parece tão superficial... A verdade é que nenhuma das três coisas que eu citei acima importam se você não está com quem realmente quer em algum lugar que te faça bem. Pela primeira vez enxerguei que por mais que seja meu aniversário eu não preciso estar rodeada de várias e várias pessoas e com um teor alcoólico relativamente alto para a data ser super importante e especial. Por mais mesquinho que pareça, acho que as palavras certas são: eu não preciso virar o centro das atenções da vida dos meus conhecidos pro dia ser melhor, afinal de contas, alguns deles só comparecem na festa por causa da festa. O que eu quero é ver o sorriso no rosto das pessoas que eu amo por estarem comemorando mais uma vez essa data comigo, pessoas sinceramente felizes por eu estar aqui no planeta Terra por mais um ano. Preciso estar em um lugar especial, um lugar que me faça bem, ou fazer algo diferente do que costumo fazer, seja visitar um lugar novo, ou fazer algo diferente naquele mesmo lugar que você acha que já conhece como a palma da sua mão. E claro, quero carinho das pessoas que eu amo, seja fisicamente, ou “tecnologicamente”. Mais uma lição do intercâmbio, mais uma lição para a vida.



By the way, acho importante citar que: Barcelona foi incrível, tive o digno jantar de aniversário comendo paella e tomando sangria, me apaixonei por aquela cidade, com certeza um lugar para voltar mais uma vez.

segunda-feira, 27 de outubro de 2014

Maldito captcha!

Aqui em Braga, pelo menos para os intercambistas, dia de sair é durante a semana. Desde que cheguei aqui não consigo listar mais do que cinco sextas-feiras ou sábados que eu saí para “balada”. Nesses dias, ou descanso, ou estou em alguma viagem, ou faço um programa bem de leve com as amigas ou com o namorado. Claro que acontece de em alguma sexta ou em algum sábado eu não fazer nada disso e simplesmente ficar em casa fazendo o que eu quiser. E duas semanas atrás, esse era o destino da minha sexta-feira...

Estávamos passando pela entrada do outono (acontecimento que agora foi derrubado por duas semanas de verão no meio do outono português). E tudo corria como deveria ser... folhas caindo no chão, casacos sendo retirados da mala (cheguei até a sair de sobretudo em uma noite durante a semana), cachecóis voltando a ter uso, cogitar se está frio suficiente para usar aquelas toucas fofissímas que você comprou aqui e estreando seu coturno novo (que você achou a um preço super camarada em alguma loja).

Sozinha em casa em uma sexta-feira a noite com um friozinho gostoso, o que você costuma fazer? Se enrolar nas cobertas e assistir Friends? Yaaay! Foi o que eu fiz, deitei no sofá que tenho no quarto, peguei uma mantinha daquelas bem macias, e fiquei nesse casulo na frente da tela do computador.



Eu estava bem feliz e conformada com o frio até que o inesperado aconteceu. Antes de carregar um episódio precisei colocar uma senha (captcha) no site, e me aparece: winter is coming. Até aí tudo bem, até que é um pouquinho normal um site português “adivinhar” que o inverno estava pra começar. Depois de digitar fiquei pensando como seriam meus dias no inverno daqui... Eu não queria ficar em casa, no casulo, como estava naquela sexta-feira. Eu queria estar dentro dos bares (que são quentinhos por serem climatizados), bebendo a minha cerveja. Aquele pensamento chegou a me deixar um pouco triste, até que lembrei: “É uma das primeiras vezes que faço isso no intercâmbio, não há mal...”, fiquei alegre novamente e vi o episódio.

Na hora de digitar o captcha para o próximo episódio, aparece: “i’m so freezing”. Não podia ser! Digitei aquilo indignada e sentindo mais frio ainda... Meu quarto parecia ter se tornado uma parte da Antártida. Meu único arrependimento é não ter tirado nenhum print pra vocês verem que não estou de brincadeira. Logo que o episódio de Friends começou, já comecei a rir e meu casulo passou a ter uma temperatura agradável novamente. Fui dormir feliz embaixo de três cobertas e com uma leveza no coração por finalmente ter um dia normal no intercâmbio (acredite em mim, eles são raros).



Alguns dias depois, aqui estou eu: passando por dias de 30 graus novamente (Yaaay! – isso porque Braga não fica contente só com frio, chove todos os dias, vinte horas por dia, e as quatro horas que não chove são horas de estar dormindo...). Chego a casa um dia ao final da tarde depois da aula, coloco uma regata e um shorts para ficar a vontade, e sem muito que fazer resolvo assistir um episódio... “i need a cheeseburger”. Não. Não! Nãããão!!! O que o site estava fazendo? Porque eu tinha que ser premiada com essas frases? O grande problema é que depois de ler aquilo parece que você precisa mesmo de um cheeseburger, podia ser um do McDonalds, ou um X-Salada, hmm delicioso mesmo seria um X-Egg, ou melhor ainda... um X-Bacon! Eu até estava disposta a fritar hamburguers e fazer um duplo cheeseburger em casa. Infelizmente eu não tinha nenhum hamburger no congelador e nenhum jeito de eu comprar um cheeseburger ali naquela hora (preguiçosos entenderão que nem mesmo com uma fome dessas eu iria trocar de roupa, descer os três andares de escada do meu prédio e andar um quilometro até o McDonalds mais próximo da minha casa), só o que pude fazer era ficar emburrada (e com fome) vendo o episódio – e nem pipoca eu tinha pra estourar...

PS1: Sim, assim que eu tive a oportunidade de comer um cheeseburger, eu comi.
PS2: Não, não sou uma comedora compulsiva (eu acho).

segunda-feira, 20 de outubro de 2014

É tudo culpa da oratória

Olhei-me no espelho e me senti tão orgulhosa. Estava preparada para a primeira vez que ia à tribuna na aula de oratória. Eu vestia a camisa pólo do colégio, a saia “pregada” que era peça obrigatória em momentos mais formais, e como era um dia frio somado à minha gripe, o moletom da escola. Nos pés, eu usava um sapato com um salto de 3 ou 4 centímetros. Para completar, resolvi usar um arco com um laço do lado direito da cabeça para segurar a minha franja.

Era a primeira vez que eu ia à tribuna, mas não era o meu discurso que eu ia defender. Iria fazer a leitura da ata da seção anterior, isso porque, naquela seção eu havia sido a secretária. Claro que eu estava com aquele friozinho na barriga por mais que fosse algo não tão importante para o meu desempenho na matéria. Quando cheguei ao auditório, as duas turmas convidadas também iam pouco a pouco ocupando os lugares das primeiras fileiras.

Inicialmente foi aquele blábláblá de oratória, presidente abrindo a seção e afins. E chegou a minha vez de ir ler a ata. Quero deixar claro que eram quase três páginas de Word (Times New Roman, 12, espaçamento 1,5), ou seja, um texto razoavelmente grande. E quero salientar que eu estava gripada. Então cheguei à tribuna com toda a honra, glória e coragem no peito.

O problema é que depois de dois parágrafos, eu senti aquela grande vontade de fungar o nariz, e assim ecoou um “sniiiff” nas caixas de som. Ao meio do parágrafo seguinte, comecei a sentir descer novamente “sniiifff”, no final dele, mais uma vez “sniiiifff”, e nos parágrafos seguintes, conforme mais nervosa eu ficava, parecia que descia mais rapidamente e a quantidade de “sniffff” no microfone por parágrafos estava começando a ficar demais.



Percebi que a gravidade da situação aumentava cada vez mais, e eu não podia simplesmente limpar meu nariz com a mão ali na frente de todo mundo. Não, eu não podia fazer isso, mas achei melhor ao meio da segunda folha sair do microfone, ficar de costas para o público e chorar. Sim! Chorei! Se já estava um fracasso eu fungando ali em alto e bom som no microfone imagina ficar de costas na frente de todo mundo e começar a chorar...

Claro que depois disso fui convidada, pela professora, a me sentar e como cereja do bolo tive que escutar ao final da seção, quando a professora faz os comentários e recomendações: “É... e alguém tinha que ter trazido um lencinho pra tribuna...”

Depois daquilo eu disse “that’s it, i’m going to be good at this shit”. Quando chegou a vez de apresentar meu discurso, eu me dei muito bem, não cheguei perto da nota máxima, mas foi uma das melhores da sala. Desde então eu me tornei obsessiva em ter um bom desempenho nas aulas de português, e eu tentei (de verdade gente) me empenhar ao máximo. O que honestamente às vezes trazia bons resultados, mas muitas vezes não. Quando terminou o ensino médio e não tinha mais aulas de português para acabarem com toda a paciência e fios de cabelo que eu tinha, no meu primeiro semestre da faculdade eu tive uma matéria chamada “Comunicação Escrita” e claro que no segundo semestre me esperava a “Comunicação Oral”. Depois de mais um ano empurrando o português com a barriga (ta bom, nem foi tanto com a barriga assim porque acabei tendo boas notas), eis que chega a hora que eu digo “ufa, acabou, e to nem aí para o novo acordo ortográfico”.

Sim, quando chegou esse momento que para mim parecia tão abençoado, eu comecei a sentir falta de escrever redações e/ou textos criativos. E na época me pareceu uma boa solução escrever um livro, mas enquanto isso não acontece, eu vou me divertindo aqui no blog, e vocês vão precisar me aturar...

PS.: A ideia do livro nunca chegou a sair da minha cabeça e ir pro papel, e eu nem sei se vai sair. Afinal de contas, quando eu pensava no que podia escrever, a ideia era ridiculamente curta, e até agora, para o meu azar, não vi ninguém que ficasse satisfeito com um livro de uma página...

quinta-feira, 9 de outubro de 2014

Não Desistir

Um passo de cada vez, é o que dizem. Nunca tive a oportunidade de concordar tanto com essa frase. 18. 36. 35. 33. Essas foram as quilometragens diárias aproximadas que eu caminhei do dia 24 a 27 de Setembro. De longe, a coisa mais difícil que já fiz na vida.

Sai de casa com um objetivo, um sonho: chegar a catedral de Santiago de Compostela fazendo uma parte do caminho português. Quem já havia feito a caminhada me disse que não era necessário preparo físico, “o caminho te leva”.

No primeiro dia saímos de casa muito mais tarde do que queríamos e não foi possível alcançar o objetivo do dia, a partir daí, naquela noite, já sabíamos que os próximos dias ficariam cada vez mais puxados. Afinal de contas, eram 18km que deixamos de andar naquele dia e que seria dividido entre os três próximos. E infelizmente não é possível dizer “ah, 6km a mais em cada dia não é tanta coisa”, cada metro a mais já é demais. Seis quilômetros são aproximadamente uma hora e meia a mais caminhando. Sendo que nem sabíamos se iríamos enfrentar a subida de uma montanha ou a alegria de um caminho com altitude constante.



Foi no final do segundo dia que pensei pela primeira vez em desistir. Meus pés não agüentavam, os joelhos não suportavam mais o peso do corpo e da mochila, e minha mente estava fraca. Aquele dia surgiu as primeiras bolhas nos pés das quais eu teria que cuidar e tentar não pensar na dor. Quando a cidade que era nosso objetivo aquele dia não parecia que ia aparecer, eu sentei, respirei fundo. Chorei. Chegamos ao albergue, deitei na cama e achei que não conseguiria mais andar no dia seguinte, a não ser se fosse com destino a uma estação de trem.

No terceiro dia acordei com um pouco menos de dor do que havia ido dormir. Eu não queria desistir, eu não podia. Não podia dizer ao meu amigo, que aceitou fazer o caminho comigo, que eu não tinha mais forças. Eu tinha que ser mais forte que isso. Nesse dia paramos na farmácia e compramos o que já deveríamos possuir desde o início. O terceiro dia passou mais facilmente, minha mente já estava mais determinada e mais forte. Claro, chorei, mas a vontade de desistir já não era grande. Faltava somente mais um dia, e fui dormir sabendo que a catedral estava a 33km de nós.



No quarto dia, chegamos.

No meio de tanta dor, esqueci de mencionar quantas coisas bonitas eu vi. Por quantas vilas pequenininhas passamos com o chão de pedra e as casinhas feitas de pedra também. Por quantos vinhedos passamos, com o cheiro da uva atingindo nosso olfato, e, como ninguém é de pedra, sentindo o gosto espetacular daquelas uvas fresquinhas do pé. Passamos por cidades um pouco maiores com centros históricos incríveis. Sim, subimos montanhas, mas por causa disso conseguimos ficar mais próximos da natureza e ver lugares com belezas únicas. Esqueci de mencionar que o caminho era repleto por riachos super gracinhas que acalmavam a dor que eu sentia no pé ao colocar ele naquela água gelada. Que conhecemos um povo espanhol muito alegre e simpático. Antes de sair de casa eu li “não abaixe a cabeça durante o caminho”, e foi o que fiz, e por causa disso tive o prazer de visualizar e capturar cada detalhe dos lugares incríveis que passávamos.

E se eu saí de casa com um sonho, só tenho a dizer que voltei pra ela com muitos outros. Com muita vontade de lutar e realizá-los. E, com satisfação, sabendo: eu posso.



O caminho faz coisas com você... Ele te transforma, te faz perceber o quanto você pode agüentar, mostra que não é fácil ganhar uma batalha e muito menos uma guerra. Acima de tudo, te ensina o que é essencial na vida.

segunda-feira, 15 de setembro de 2014

Esperar pela minha colega de quarto

Ao me inscrever para a residência universitária, precisei preencher quadradinhos com números que indicavam a minha preferência por um quarto individual ou duplo. Não pensei muito e assinalei os duplos como de maior preferência.

Motivo número 1: Eram consideravelmente mais baratos que os individuais;
Motivo número 2: Vou ser a eterna pré-adolescente amante dos filmes americanos que falam da história de alguém no período universitário, e que muitas vezes tem a sorte de ter o melhor colega de quarto do universo;
Motivo número 3: Também sempre vou ser a eterna amante de Friends, e não que eu não ache a parceria entre a Monica e a Rachel demais, mas eu sempre imaginei ter “um Joey” na minha vida, mas no sentido feminino da coisa: uma colega de quarto que sempre me apoiasse e fosse extremamente parceira, topasse tudo, e ainda fizesse e falasse bizarrices comigo. Enfim, que se tornasse mais uma melhor amiga irmã.

Então chegou o esperado sábado de entrar no quarto na residência. Cheguei, abri a porta, e vi as duas camas na salinha que era o “nosso quarto”. Uma do lado direito e outra do lado esquerdo da janela, cada lado possuía um armário, uma escrivaninha, prateleiras e uma mesinha ao lado da cama. Nenhuma das camas tinha lençol, mas no armário esquerdo encontrei um par de tênis, um pijama e uma muda de roupa. Ainda no lado esquerdo, a escrivaninha tinha uma cópia do livro “O Código Da Vinci”, um par de lentes de contato e mais umas cópias do que parecia ser algum livro da aula. Considerando esses pertences, fui logo colocando minhas coisas na metade direita do quarto. Fui desfazendo a mala, separando as roupas para guardar como eu gosto no armário, pegando os mimos que trouxe de casa e colocando na mesinha ao lado da cama. Colocando nas prateleiras da minha escrivaninha os três livros que trouxe do Brasil e outras coisinhas minhas.

No banheiro encontrei uma escova de dente, que deixei no mesmo lugar, e adicionei ao lugar um potinho com a minha escova e pasta, e um sabonete líquido. Na prateleira do box, encontrei um dois em um (shampoo+condicionador), que botei um pouquinho mais pro lado, e coloquei o que era meu lá.

Aquela primeira tarde passei no quarto, esperando ansiosamente a minha colega, como as aulas começavam em dois dias, ela provavelmente chegaria naquele final de semana. Às 18h ela ainda não tinha aparecido, às 22h também não, e quando deu meia noite achei melhor ir dormir e quem sabe ela apareceria no próximo dia.

Acordei às 9h e umas amigas brasileiras que também estavam na residência me chamaram para as compras, fomos a um centro comercial ali perto, compramos o que precisávamos para limpar a casa e nos alimentar e cerca de duas ou três horas depois eu já estava em casa. Minha colega ainda não havia chego. Almocei. Ela não chegou. Fiquei a tarde inteira fazendo qualquer coisa. Ela não chegou. Dormi, fui ao primeiro dia de aula, voltei para o quarto. Ela não chegou. Naquela segunda-feira à noite decidi sair para um dos eventos de boas-vindas, pensei em escrever uma carta e por em cima da escrivaninha dela, acabei não fazendo isso, mas quando voltei da festa, ela ainda não estava lá. E depois de seis meses vivendo na residência universitária, ela ainda não chegou.

No último final de semana de Junho, que era o mês oficial de deixar a residência, eu viajei. Quando voltei, não havia mais tênis, ou pijama, ou código Da Vinci. Só uma grande inundação de: nunca conheci a dona dessas coisas, a minha ex-futura melhor amiga irmã. Não sei se fiquei triste de não ter vivido a experiência de ter uma ótima colega de quarto e que topasse todas comigo e também chateada de nunca a ter conhecido, imaginando que ela poderia ser uma pessoa incrível, ou se fiquei aliviada de não tido uma colega de quarto que poderia ser a maior chata... Sei que não foi dessa vez que conheci o meu Joey, e acabei sendo Monica antes da Rachel aparecer na vida dela (desamparada sem uma colega de quarto)... Mas também sei que foi ótimo ter pela primeira vez um quarto fora de casa, para eu cuidar e limpar, e estando sozinha eu podia fazer o que eu quisesse a qualquer hora. Ou seja, a primeira experiência de viver fora de casa foi incrível, mas isso já é outra conversa...

segunda-feira, 8 de setembro de 2014

A volta dos que não foram

Não entendo como é possível ser tão emocionalmente fiel a algo, e na prática não ser. Num post como esse eu poderia começar o primeiro parágrafo cheio de palavras pedindo desculpas, ou até mesmo, esquecer esse blog, criar outro e começar do zero como se esse blog nunca tivesse existido. Não. Nem primeira opção, nem segunda.

Quando criei esse blog queria compartilhar com as pessoas minhas experiências durante o intercâmbio, principalmente as viagens. E sabem o que aconteceu? Eu viajei, não tanto quanto eu ainda quero, mas muito mais do que eu imaginei. E acontece que, sentada no banco de algum parque, independente da cidade em que eu me encontrava, eu imaginava como seria o post quando eu chegasse ao lugar que agora eu chamo de casa. Mas esse pensamento começava a ficar atrás dos outros a partir do momento que eu abria meu mapa, levantava do banco e ia a caminho de uma coisa nova para ver.

Depois de alguns dias, sentada em frente ao computador, esse pensamento voltava a ser o centro de minhas atenções, mas na hora de transcrever qualquer palavra pro “papel”, passou a não me ter significado algum dar explicações e dicas sobre a minha viagem que pra mim tinha sido tão especial e indescritível.

Eu percebi que eu não queria ficar dando dicas sobre as viagens. Não preciso dizer o que eu aprendi depois delas. Talvez, a verdade é que eu não quero fazer isso. Porque escrever sobre isso é aceitar que o meu tempo fora do Brasil está cada vez mais curto, escrever sobre a viagem... seria como virar a página. E, honestamente, eu ainda não estou pronta para isso. Quero essas lembranças bem vivas em mim até o momento que a realidade brasileira for a minha realidade novamente. E sei que quando isso acontecer, e eu estiver pronta pra falar das viagens, o blog vai estar aqui para passar a minha mensagem. Enquanto isso, quero falar sobre qualquer acontecimento do meu dia-a-dia daqui, escrever o que eu descobri depois da conversa com um amigo, depois da festa de ontem a noite, ou depois da aula que eu tive durante a manhã. Quero que as pessoas possam me conhecer melhor através do que eu escrever. Quero finalmente escrever tudo aquilo que eu sempre penso em escrever, mas perco a coragem depois de lembrar que não apareci aqui por tanto tempo.

Simplesmente não quero apagar essa chama que me implora por voltar a postar. Quando fiz este blog, imaginava estar pronta para assumir o compromisso com ele, a vontade sempre esteve dentro de mim. O problema é que quanto mais você ingressa na vida adulta mais você vê obstáculos para fazer as coisas que você gosta: trabalhar oito horas por dia, estar na faculdade, o estágio que você começou a fazer, e depois de eu conseguir administrar tudo isso e finalmente abrir esse blog, chegou a hora do intercâmbio. Eu pensei que ia ter tempo de sobra pra poder escrever e divagar sobre tudo o que eu tenho feito. Aconteceu que não tive tempo de sobra, ou melhor, eu não soube administrar o tempo logo de primeira pra ter esse tempo gostoso de estar na frente do computador escrevendo. Eu só continuava a ler os blogs que eu admiro e chegava a hora de fazer outra coisa. Quando essa realidade bateu na minha consciência e disse um “oi”, eu me senti estúpida. Eu, que sempre respondia às pessoas que me diziam não ter tempo algo do tipo “vocês precisam aprender a usar melhor o tempo de vocês”, percebi que eu estava dando a “desculpa” de não ter tempo e por isso que estava fazendo só a coisa X, em vez de fazer a X e Y. Afinal de contas se eu soubesse usar melhor meu tempo, não teria ficado tão afastada da página de publicações do blogspot ao mesmo tempo que esse blog é tão presente nos meus pensamentos.

Depois de meses de saudades, aqui estou. De volta, pra valer.

sábado, 22 de fevereiro de 2014

Passar dez dias em Porto

Depois de estar devidamente instalada em Braga, com roupas limpas (sim, teve um dia que usei biquini como roupa de baixo porque adiei essa tarefinha chamada lavar roupa hahaha), tendo uma cama para chamar de minha e um armário para por minhas roupas, seja em cabides, seja dobradas perfeitamente uma em cima da outra montando uma pequena pilha porque afinal de contas não trouxe muita roupa para cá. Tenho até uma escrivaninha para chamar de minha, um frigobar e um semi-chuveiro (gente, quem permitiu chuveirinhos um pouco mais evoluídos serem chamados de chuveiros?). No meu primeiro dia no alojamento, com toda roupa ainda na mala e o quarto sem um arrumação prévia, meu primeiro pensamento foi: Saudades do Porto!

Pude experimentar ficar no coração da cidade com a Igreja dos clérigos como vista do meu quarto e também minha vizinha, e para quem nunca tinha ido para uma cidade com construções tão antigas e com uma bela arquitetura, foi um baque estar lá. Andei, andei e andei mais um pouco conhecendo cada canto que me fosse possível daquela cidade, tentava almoçar ou jantar sempre em lugares diferentes e descobrir cada vez mais comidas diferentes e deliciosas (um salve pro Subway que me salvou algumas vezes quando eu não queria procurar restaurante ou não queria gastar mais do que dois euros para comer hahaha). Peguei uma bicicleta e andei por toda a costa de Porto (da Praça da Ribeira até o final da praia em matosinhos), parei para admirar a bela passagem que se aproximava a cada pedalada. Tomei um café de frente para o rio e para a ponte Luís I. Tentei chegar a todos os lugares indicados pelo mapa que ele rasgou um pouco em uma dobra de tanto que consultei, diga-se de passagem que aprendi a interpretar mapas, porque eu realmente achava que sabia fazer isso até de fato precisar fazer. Comi bacalhau, comi francesinha, comi tripas à moda do porto. Conheci pessoas ótimas em um hostel super animado, gentil e acolhedor. Fui à festas (desculpa mãe hahaha), descobri e bebi a sangria e o vinho do porto. Andei de ponta a ponta a Avenida Santa Catarina para tentar achar lojas, fui em brechós, fui no mercado do Bolhão. Apreciei a francesinha no Café do Piolho. Visitei muitas igrejas, muitas delas com muito ouro fazendo parte do cenário. Fui à uma exposição no centro de fotografia, comi pastel de nata. Fui descobrindo atalhos pelas ruelas do centro. Fui à Gaia. Andei mais um pouco e fui na casa de música, peguei outra rua e parei no jardim botânico. Como ninguém é de ferro, passei um dia de pernas pro ar no hostel olhando a chuva cair pela janela e tomando um chimarrão com hóspedes super queridos. Ouvi histórias, contei histórias. Escrevi um belo capítulo do meu intercâmbio, e da minha vida, nesses dez dias em Porto.

Já entendia, e continuo entendendo, que várias e várias pessoas fazem Eurotrips em vinte dias, tendo a oportunidade de passar apenas dois ou três dias em cada cidade, mas compreendi a beleza de passar dez dias em uma cidade nova e começar a se sentir parte da população.

Segue umas fotinhos para vocês verem =) Beijos!



Essa parte em itálico do post são dicas para possíveis viajantes, não é necessário ler, apenas se você está procurando dicas de como "se virar" em Porto.
Hostel: Com certeza indico o Yes! Porto Hostel, ótima localização, walking tour incrível, pubcrawl super divertido, ótima janta, pessoal muito simpático que te ajuda muito, ótimas instalações e super limpinho.
Meios de transporte: A bicicleta peguei na praça da Ribeira (se pedir informação por lá já te dizem qual loja). Não usei muito o metro, pra falar a verdade apenas uma vez, comprei o cartão andante e recarreguei no próprio aeroporto e fiz uso dele para chegar no centro da cidade, o resto ia fazendo tudo a pé para ver mais a cidade. Se usarem o metro, não esqueçam de validar o mesmo. Querem viajar para Coimbra, Aveiro, Braga, Guimarães a partir de Porto? Usem o comboio, acredito que é a melhor forma.
Lugares: Falei de muitos ao longo do post e recomendo ir à todos eles. Para saber melhor aonde ir, arranje um mapa e o use o máximo que puder, os mapas geralmente dão ótimas indicações da onde ir, e se você ficar no Yes! não se acanhe, peça dicas para eles que eles tem ótimas ideias para compartilhar.
Aproveite, é uma cidade linda, com uma bela história, faça um walking tour para poder conhecê-la. Se quiserem podem me perguntar mais coisas pelos comentários =)

terça-feira, 11 de fevereiro de 2014

Gentileza gera gentileza

Depois de onze dias deu tempo de por a vida virtual em dia. Havia começado a escrever um post sobre como estão as coisas no intercâmbio, mas acho que ainda está um pouco cedo para falar disso. Amanhã vai fazer uma semana que pousei na cidade maravilhosa que é Porto e sábado vou deixá-la de lado para seguir para a minha "verdadeira" cidade que é Braga, portanto resolvi optar por não falar sobre o intercâmbio agora, mas quando eu ir para Braga falo de Porto e posto fotos =)

Certo dia no prédio que moro no Brasil, cheguei e vi que alguém estava abrindo a porta do elevador, então dei uma corridinha básica para pegá-lo no térreo e não ter que esperar ele voltar. O vizinho percebeu isso e segurou a porta para que eu entrasse. Quando entrei no elevador, agradeci. Então ele me disse "que isso, gentileza gera gentileza." Tudo bem, essa frase é super famosa,e já tinha escutado ela outras vezes, mas daquela vez ela bateu em mim de uma forma diferente e venho pensando muito nisso. Não quero dizer que se alguém lhe aborda na rua pedindo por dinheiro você deveria sempre dar e sentir missão cumprida. Mas estou falando de gestos que deveriam ser involuntários como paciência com o próximo, agradecer quando alguém lhe prestou alguma ajuda, ser educado com as pessoas, ajudar quando alguém lhe pergunta algo.

Incrível como simples gestos, que podem deixar as outras pessoas satisfeitas, contentes e terem uma boa visão de você, muitas vezes não são praticados. Nos últimos dias venho precisando muito da ajuda dos outros, e, consequentemente, da boa vontade deles, e estou muito feliz com o que venho observando. Devo falar "obrigada" umas oitenta e nove vezes por dia, mas se não fosse essas pessoas, e acredito que a forma como eu as abordo, ou seja, minha educação, com certeza estaria um pouco perdida aqui. O pessoal daqui te ajuda com a maior boa vontade, explicando tudo muito certinho, no Brasil a coisa é mais simplificada (quando acontece, né). Por exemplo, hoje eu estava na rua com um mapa na mão, e um homem me perguntou as horas, lhe respondi, ele agradeceu, se virou novamente para mim e perguntou "precisas de algo, estais com alguma dúvida para chegar em algum lugar?", é disso que eu falo, eu nem perguntei nada e ele já queria me ajudar. Dois dias atrás quando pedi uma informação, recebi uma detalhada explicação de como chegar em algum lugar e ainda acabei conversando um pouco com a pessoa sobre o Brasil e no final da conversa escutando algo como "Tudo de bom para você".

Esse post não tem o intuito de converter ninguém a ser a pessoa mais carinhosa e amável do mundo, só queria falar sobre o que andei pensando e por mais mentes para pensar sobre como o mundo pode ser mais agradável, afina de contas, nossa jornada é tão curta, porque não fazê-la ser doce?

"Palavras gentis podem ser curtas e fáceis de falar, mas seus ecos são efetivamente infinitos."

sexta-feira, 31 de janeiro de 2014

Passar pela saga de retirar o visto

1º passo: reunindo a documentação - Minha instituição de ensino me forneceu a lista com os documentos necessários para levar ao vice-consulado. Se a sua não forneceu, envie um e-mail para o vice-consulado solicitando essa lista, vi uma menina que pegou uma que ela achou no site mas não era a lista atualizada, resultado: ela dançou.. Alguns documentos são bem fáceis, por exemplo, identidade autenticada, já outros deixam margens para dúvida. (Quem não tem muito interesse nesses documentos pode pular a parte em itálico abaixo, são dicas que vou deixar para possíveis viajantes que podem visitar o blog)

Segue documentos que me deixaram um pouco com dúvida e como fiz:
a. quais folhas do passaporte tirar cópia e autenticar: eu só fiz uma cópia autenticada da folha que contém meus dados, mas meu professor disse que quem possui carimbos no passaporte deve tirar dessas folhas também;
b. qual seguro escolher? eu optei por um particular, um porque eu não vou precisar me incomodar na Europa toda vez que for visitar outro país, dois porque pelo que me falaram há um procedimento a ser feito com quem opta pelo PB4. No fundo, no fundo, não optei o PB4 principalmente por causa das viagens, tudo bem que o seguro particular chega a ser 10x mais caro que o PB4, mas um professor falou que se tenho o intuito de viajar, quando eu fosse para outros países teria que pagar uma taxa e não sei mais o que, então achei mais cômodo o particular e não fui muito atrás de como tirar o PB4 (desculpe pessoal, mas para quem quer o PB4, esse post não lhe servirá muito de ajuda). Quem quiser ir atrás do PB4, a dica que posso dar é procurar na internet (uau grande dica hahah), vi que a maioria das pessoas indicava a entrar em contato via fone com o local mais próximo à sua cidade que emite o PB4 e questionar que documentos enviar/levar pois isso muda muito de cidade para cidade.
c. o que é o termo de responsabilidade? peguei um modelo em um blog, mas é bem fácil fazer um. No meu continha o nome dos meus pais e o dados deles (CPF, RG e endereço) alegando que me enviariam 900 euros por mês (esse valor estava presente no modelo que peguei) e qualquer outro valor que eu necessitasse para moradia, alimentação, etc.
d. o que por na carta de intenções? escreva com suas próprias palavras, falei sobre como vou evoluir nesse intercâmbio, o tempo que vou ficar, como a minha instituição de origem me ajudou com a vaga, mas bati bastante na tecla de que ele me ajudará a crescer profissionalmente e pessoalmente, por conhecer outra cultura, expandir minha visão sobre o mundo, conhecer outro método de ensino, que irei amadurecer e que poderei fazer mais pela minha universidade pois serei capaz de ajudar outros intercambistas. Assine, da um toque pessoal ;)
e. a cópia do seguro de saúde precisa conter que ele cobre os trinta mil euros, fiz uma cópia que na parte de cima da folha possuía meu nome e o tipo de plano que peguei e na parte de baixo coloquei a folha dos termos que diz que aquele plano cobre trinta mil euros.


2º passo: Indo ao vice-consulado - Cheguei em uma segunda a noite em Curitiba (aonde fica o vice-consulado de Portugal e aonde quem é do PR ou de SC pode solicitar o visto), e fui terça às 7h30 da manhã nas portas do vice-consulado mesmo sabendo que o horário de atendimento começava às 8h30. Algumas pessoas já estavam formando uma fila, e quando subimos para o vice-consulado respeitamos a mesma ordem, e peguei a senha 10. Gente, me atenderam 10h30, demoraram 2 horas para atender nove pessoas, sendo que são duas atendentes. Até aí tudo bem, meus documentos estavam todos OK, então ela pediu para eu ir em uma papelaria do outro lado da rua scannear alguns deles. Até aí tudo OK parte 2, só que a parte de digitalização da papelaria estava com problemas justo aquela manhã. Resultado: Lá saiu eu pelas ruas de Curitiba.. Uma loja de fotografia queria me cobrar dois reais a cada página scanneada, e como eram 20 páginas sai corrida dali. Andei uns dois quarteirões e achei um posto telefônico que me cobrou R$ 0,50 por folha. O problema é que esqueci de avisar a menina que deva scannear em PDF e ela mandou JPG... Mas ok, fui em uma lan house e converti para PDF, o problema é que o arquivo ficou muito grande e eles não estavam recebendo, deu o uó do borogodó, até que chegou 13h (o atendimento do consulado encerrava 13h30) e a mulher da lan house já com pena de mim me emprestou um pen-drive e deu tudo certo!

3º passo: Aguardando o e-mail - Em vinte dias recebi um e-mail dizendo que meu visto estava autorizado, tive que enviar meu passaporte por SEDEX para o vice-consulado e em cerca de nove dias recebi ele com meu visto.

O segredo é só seguir fielmente a lista de documentos que eles pedem. Organização é a palavra chave, ouvi muita reclamação do pessoal falando que o vice-consulado é aquilo, aquilo lá, mas na verdade nenhuma dessas reclamações existiriam se as pessoas lessem atentamente a lista e levassem exatamente o que eles pedem. Acho muita cara-de-pau a pessoa ter errado em algum documento e querer por a culpa em quem não aceitou que fosse dessa forma. Se alguém tiver alguma dúvida sobre solicitação de visto para Portugal, pode falar nos comentários. Meu próximo post já será em terras Portuguesas!

By the way, eu nem expliquei direito né HAHAHAH mas terça feira saio do Brasil, com destino a Portugal, para fazer um intercâmbio durante seis meses em Braga, para estudar na Universidade do Minho. A universidade que frequento no Brasil tem parceria com a universidade de lá, então fui no meu Centro de Relações Internacionais e comecei a correr atrás da papelada e todo o necessário. Há anos que pretendo fazer intercâmbio, e agora, oficialmente, o sonho está se tornando realidade.

sábado, 25 de janeiro de 2014

Acampar sem energia elétrica

Eu havia acampado uma única vez em minha vida, em um camping, com energia elétrica, chuveiro quentinho, banheiro consideravelmente adequado, um teto sobre mim (caso chovesse).. Eu poderia ter acampado mil vezes dessa forma e não estaria preparada para a experiência de acampar no Vale da Utopia.

Depois de quatro horas de viagem de carro (o dobro do que imaginávamos por causa do trânsito do feriado), chegamos no lugar que deixaríamos o carro e seguiríamos a pé. Para ter noção, eu andava com três malas: uma com roupas, dois litros de vinho, dois litros de outra bebida, dois litros de água, uma com comida, e outra com o saco de dormir. Depois de uma árdua caminhada no sol do meio dia/uma hora, cheia de subidas, não aguentando mais levar as malas e pensando em desistir e voltar para casa (brincadeira hahahaha), chegamos ao Vale da Utopia. E toda gota de suor valeu a pena. É uma paisagem incrível, uma pequena entrada da praia com o bar logo ao lado (bar fechado), um chuveiro no meio do nada (o chuveiro que iríamos usar!) e o mar infinito assim como a grama. Só para vocês darem um visu no lugar:



Gente, foram três dias que passamos lá. E foi incrível, uma verdadeira limpeza mental. Ficamos sem celular, internet, nada. Tomar banho era naquele chuveiro gelado no meio do nada, que nem ao menos era coberto direito. Banheiro? Nenhum! Energia elétrica a noite? Somente nossas lanternas, e como usavam pilhas tínhamos que economizar e, por sorte, no local que escolhemos para acampar tinha um galão de cinco litros de água pendurado com areia dentro e algumas velas (cortesia de alguma outra pessoa que havia ido lá), essa era nossa iluminação, além da linda lua cheia que resolveu aparecer na segunda noite e iluminar uma grande área (você já viram a lua ficar acima de um mar gigante? É a coisa mais linda). Para comer, muitas frutas, e à noite fazíamos uso de madeira seca que os meninos buscavam durante o dia e faziam fogo para assarmos carne em cima de uma grelha esquecida por alguém no local. As barracas ficavam debaixo de árvores, e na primeira noite choveu, houve diversos relâmpagos, e o que restava era ficar dentro da barraca com medo esperando a chuva acabar HAHAHAH. No "nosso cantinho" chegamos a pendurar uma rede que dava para uma vista incrível do mar. Além de tudo isso, no final da tarde vacas apareciam no pasto, literalmente as "donas" do local.

Foi uma experiência incrível. Sabe aquele sentimento de que você está entendendo do que a vida é feita e o que você pode fazer para buscar a felicidade? Você consegue sentir e entender ao passar dias assim, sem energia, sem contato com o mundo exterior, somente com a natureza. Indico levar muita água, frutas e sardinha (hahahah me salvou em alguns momentos já que não estraga). No Vale tinha algo especial porque a qualquer momento você olhava para algum lugar e via que alguém havia deixado um filtro dos sonhos pendurado, alguma semente pintada, algo que não se levava para casa, que você via, admirava, e deixava para um outro viajante ver e ficar maravilhado. Fiz uma espécie de filtro dos sonhos com instrumentos que encontrei (até barbante alguém enrolou em uma árvore e deixou lá). Olha, só posso lhe dizer que quero muito acampar mais uma vez da forma que nossos super antigos ancestrais viviam. Para quem ainda não fez algo assim: Aposto que vocês também não se arrependeriam!

segunda-feira, 20 de janeiro de 2014

E para 2014...

Tem um assunto que venho tentando evitar de falar aqui no blog que é meu intercâmbio (o grande motivo de eu ter saído do meu emprego e que vocês ainda vão ler muito aqui no blog). Ele ainda vai ficar para o outro post, mas algo relacionado a ele vai surgir neste momento. Olhando o que o pessoal pretende realizar em 2014 me dava uma super vontade de fazer a minha lista, adoro fazer essas listas de ano novo mas ficou meio sem sentido para mim por causa do intercâmbio. Afinal de contas uma nova rotina te priva muito de levar as coisas do jeito que você sabe que elas costumam andar, e não trabalhar certamente vai me privar de toda parte relacionada ao que eu gostaria de comprar. Então me surgiu um click: porque não fazer uma relação das cidades que quero visitar? Quero visitar o máximo de cidades possíveis, mas tem algumas que não podem ficar de lado. Meus objetivos em 2014 serão visitar essas cidades! A ordem não necessariamente indica qual quero visitar primeiro ou qual é a favorita.

1. Londres - Inglaterra: Não sei dizer desde quando surgiu meu fascínio por Londres, são tantos filmes tendo essa cidade linda como cenário, e muitas lembranças de quando era mais nova: Harry Potter, McFly, trabalhos de aula que eu falava sobre os pontos turísticos de lá imaginando quando eu estaria pisando nessa cidade e vendo tudo aquilo com meus olhos..
2. Amsterdã - Holanda: Só posso lhes dizer que sempre tive uma curiosidade tremenda em conhecê-la e andar de bicicleta pela cidade.
3. Madrid - Espanha: Espanha é do ladinho de Portugal e só ouvi coisas maravilhosas de quem foi para Madrid, então essa é minha chance!



4. Berlin - Alemanha: Olha, com toda a história que a Alemanha possui não poderia deixar de visitar alguma cidade de lá, a escolhida com certeza é Berlin (louquinha para ver os restos do muro!)
5. Lisboa - Portugal: É uma cidade tão maravilhosa, e capital do país que eu vou ficar, tipo assim, tenho que conhecer!hahahah
6. Porto - Portugal: É a cidade que vou desembarcar, não vou conhecer no dia, mas é tão pertinho da cidade que eu vou, que quero muito conhecê-la.



7. Paris - França: Amor, amor, amor, é isso que eu penso quando lembro de Paris.
8. Milão - Itália: A capital da moda não poderia ficar de fora!
9. Roma - Itália: Hipocrisia minha resumi-lá à dois lugares, mas no momento quero muito dizer algo que simplifica qualquer explicação: Coliseu e Fontana de Trevi.



10. Veneza - Itália: Gente, só de pensar naquelas gôndolas me dá um frio na barriga!
11. Barcelona - Espanha: Quero ir e assistir um jogo!hahaha
12. Dublin - Irlanda: Tive um certo interesse depois que um amigo meu foi morar lá, mas depois de ler Melancia tive certeza que essa cidade será um dos meus destinos.



Dispensei em meus comentários duas características comuns à todas elas para não me tornar muito repetitiva: todas são lindas e cheias de pontos turísticos maravilhosos! O interesse por essas cidades nasceram em mim por diversos motivos: filmes, livros, comentários de parentes, aulas de história do ensino fundamental e médio nas quais algumas dessas cidades sempre me fascinaram, aquele artigo na internet de cidades que você tem que conhecer, etc.. Vocês tem mais alguma indicação para por na lista?

sexta-feira, 10 de janeiro de 2014

Trabalhar na Cia. Hering

Hoje estou encerrando mais uma etapa de minha vida. Foi meu último dia em meu trabalho na Cia Hering após 2 anos e 3 meses trabalhando na empresa. O que eu posso dizer de ter trabalhado lá são todos aqueles clichês de que cresci muito com a empresa, cresci como pessoa, fiz muitos amigos, conversei, ri, brinquei, criei contatos para o futuro, enfim, tudo aquilo que se escuta quando alguém está saindo de uma empresa que possui uma ótima equipe e que gostou muito de trabalhar. Hoje eu entendo que por mais clichês que todas essas frases são, elas se encaixam em minha situação e não as vejo mais como clichê, toda a situação passada por essas frases se misturou e formou um sentimento dentro de mim que sei que aos poucos se tornará uma bela lembrança.

Não vou esquecer de nenhuma das pessoas que trabalharam comigo, e espero manter contato com aqueles mais chegados. Hoje eles aprontaram uma para mim, que eu nunca imaginaria que ia acontecer...

Às 15h chamaram todo o setor para um a reunião (90 pessoas!), para poder se despedir de mim! Gente, fiquei tão emocionada na hora que não sabia nem o que falar, em todo tempo que estava lá no setor nunca tinha visto algo assim acontecer. Chorei, senti no coração que a saudade vai ser muito maior do que eu imaginava. Além de se despedir, e agradecer pelo serviço prestado na empresa, eles me entregaram um caderno, aonde cada um deles escreveu uma mensagem em uma página. Vou guardá-lo para sempre e foi um presente muito especial. Li todas as mensagens escritas e me emocionei muito. Sabe, às vezes as pessoas te veem de um jeito que você nem faz noção. Além disso, me deram um mimo para a minha viagem (assunto para outro post hahahah) e uma flor!

Afinal de contas, o que eu descobri depois de ter trabalhado lá? Que é uma ótima empresa, somando o fato de ela ser dotada de ótimos funcionários. Ela possui uma estrutura imensa, e enquanto eu andava pelos corredores e deixava a empresa, era difícil entender que segunda feira eu não acordaria cedo para estar lá. Descobri que trabalho não é só para você ganhar dinheiro, mas sim, um local para te fazer feliz, é necessário se sentir feliz com seu serviço e com seus colegas de trabalho, você acaba desempenhando muito melhor a sua função e acaba levando essa felicidade para fora dos portões da empresa. Vista a camisa da empresa, faça amigos, deixe boas impressões, crie laços para o futuro, e o mais importante: saiba aproveitar tudo que a empresa pode lhe oferecer além do conhecimento.

Uma pequena conta matemática: Nosso dia tem 24h, se dormirmos as 8h recomendadas sobram 16h, 8h você passa trabalhando somado ao seu horário de almoço de 1h mais a 1h para ir e voltar da empresa. Ou seja, das 16h que você tem, 10h ficam para a empresa. Como você vai passar essas dez horas do seu dia? (PS.: Espero que vocês, e eu futuramente, tenham a sorte de poder passar se sentindo como eu me sentia nesses 27 meses hihi)



sábado, 4 de janeiro de 2014

Ir para shows

Sou uma pessoa que gosta muito de sair. Aqui em minha cidade há diversos pubs com bandas cover, e normalmente é isso que faço sexta ou sábado à noite (e quinta quando a banda é boa hahaha). Procuro ir à lugares que tem uma banda que curto escutar, e acontece que lá de vez em quando alguma banda (não cover, a banda mesmo) legal resolve aparecer na minha cidade ou pelas redondezas.

Em 2012, fui em um festival chamado Mundo Livre na minha cidade, foi iraaado, tocou Charlie Brown Jr, Cachorro Grande, Detonautas e Reação em Cadeia. Não fiquei muito na frente, mas o pavilhão também não era tão grande e a acústica estava muito boa, então vi tudo tranquilamente e escutei muito bem. Confesso que CBJ me decepcionou um pouco pois no show que eles fizeram, o Chorão falou mais do que cantou, mas mesmo assim foi ótimo! E eu tive um extra muito massa, que o Cachorro Grande ficou no hotel na frente da minha casa, e eu e uma amiga conversamos com eles, batemos foto e tudo mais (Diga-se de passagem que eles são uns queridos!). Ainda em 2012 fui em um show do Nando Reis e Os Infernais numa cidade vizinha, também foi ótimo mas não fiquei muito na frente, então até que eu via ele, escutava bem e deu de se divertir e dançar muito porque as pessoas não estavam muito perto de nós.

Em 2013, vi novamente Cachorro Grande (dessa vez fiquei bem pertinho e a emoção acabou sendo muito maior por causa disso), e Nando Reis. Também vi Comunidade Nin-Jitsu, subi no palco, dancei com eles HAHAHAH e posso dizer: eles são uns queridos e animal muito! Final do ano, vi Forfun em Florianópolis (capital de SC), e foi muito irado! A energia deles no show é demais e eu e meus amigos ficamos na grade, então eles (com todo seu talento e beleza hahaha) estavam a um metro de nós, curti muito! Mas esse post foi feito principalmente para falar do seguinte show: Red Hot Chili Peppers em São Paulo! Gente! Não tem como dizer como é estar lá e ver uma banda que você curte demais a poucos metros de você, eu não estava ansiosa na viagem nem nada porque a ficha só caiu quando eles entraram no palco. Chorei, gritei, pulei, cantei. É pura adrenalina. Fiquei na terceira fila, mas na pista normal, e foi lindo! Fiquei em pé por quase 12 horas (3h na fila, 3h para começar o Yeah Yeah Yeahs, 2h30 de Yeah Yeah Yeahs + troca de instrumentos e aguardo do RHCP, 2h de show do RHCP! + tempo para sair da Arena e encontrar o ônibus, etc). Não sei como ficamos só 3h na fila e ficamos super na frente, o que eu posso dizer é que foi sorte aliada à superdesorganização da fila, para se ter noção falamos com pessoas que estavam lá desde às 7h da manhã (nós chegamos às 14h). Do nada abriu um espação na fila e eu, meus amigos e mais um monte de gente que não sabia aonde era o final da fila entramos lá (detalhe: nenhum segurança sabia aonde era o final da fila ou barrou nossa entrada nesse espaço). Quando estávamos dentro da Arena, corremos/berramos por estar aonde o Red Hot se apresentaria. Quando o Yeah Yeah Yeahs entrou eu fiquei super desanimada, estava num lugar super ruim e (me desculpem quem curte a banda) o show deles foi péssimo e eu não via nada, comecei a pensar quanto dinheiro tinha gasto (HAHAHAH) e ficar arrependida, até que o Red Hot entrou! Tudo valeu a pena, o tempo em pé, o dinheiro, TUDO. Só fiquei achando que deveria ter gasto mais e ficado na pista VIP pra poder ver eles bem de pertinho. Em suma, foi maravilhoso, recomendo para todos irem num show de uma banda que gostam muito, é uma sensação, felicidade, adrenalina inexplicável!

Observações importantes:
Como fui: De excursão (Makila Crowley), com a cara e a coragem! Não conhecia ninguém do ônibus, mas logo já fiz amizades lá. Minha dica é você procurar se há empresas que montam excursões para shows na sua cidade e pedir uma opinião de um amigo/parente que já foi com eles. Fui com uma empresa super bacana, que oferecia cerveja e colocava DVDs durante a viagem (além de ter dado uma parada na Galeria do Rock).
DICA: Gente, vale a pena ficar bem na frente, a energia é outra! Poder ver a banda de perto é animal! Então minha dica é: façam o que conseguirem para ficar na frente; bebam a quantidade de água necessária e não comam comidas muito pesadas. No RHCP, por exemplo, às vezes até respirar era difícil por conta de todo mundo estar muito perto, alguns fumantes e, pra ajudar, sou baixinha. Muita gente desmaiava por causa disso.

Os próximos (muahahahah):
11 de Janeiro - Marcelo D2 e Planeta Atlântida 2015 (Porque honestamente não gostei muito da programação de 2014 hehehe)