sábado, 22 de fevereiro de 2014

Passar dez dias em Porto

Depois de estar devidamente instalada em Braga, com roupas limpas (sim, teve um dia que usei biquini como roupa de baixo porque adiei essa tarefinha chamada lavar roupa hahaha), tendo uma cama para chamar de minha e um armário para por minhas roupas, seja em cabides, seja dobradas perfeitamente uma em cima da outra montando uma pequena pilha porque afinal de contas não trouxe muita roupa para cá. Tenho até uma escrivaninha para chamar de minha, um frigobar e um semi-chuveiro (gente, quem permitiu chuveirinhos um pouco mais evoluídos serem chamados de chuveiros?). No meu primeiro dia no alojamento, com toda roupa ainda na mala e o quarto sem um arrumação prévia, meu primeiro pensamento foi: Saudades do Porto!

Pude experimentar ficar no coração da cidade com a Igreja dos clérigos como vista do meu quarto e também minha vizinha, e para quem nunca tinha ido para uma cidade com construções tão antigas e com uma bela arquitetura, foi um baque estar lá. Andei, andei e andei mais um pouco conhecendo cada canto que me fosse possível daquela cidade, tentava almoçar ou jantar sempre em lugares diferentes e descobrir cada vez mais comidas diferentes e deliciosas (um salve pro Subway que me salvou algumas vezes quando eu não queria procurar restaurante ou não queria gastar mais do que dois euros para comer hahaha). Peguei uma bicicleta e andei por toda a costa de Porto (da Praça da Ribeira até o final da praia em matosinhos), parei para admirar a bela passagem que se aproximava a cada pedalada. Tomei um café de frente para o rio e para a ponte Luís I. Tentei chegar a todos os lugares indicados pelo mapa que ele rasgou um pouco em uma dobra de tanto que consultei, diga-se de passagem que aprendi a interpretar mapas, porque eu realmente achava que sabia fazer isso até de fato precisar fazer. Comi bacalhau, comi francesinha, comi tripas à moda do porto. Conheci pessoas ótimas em um hostel super animado, gentil e acolhedor. Fui à festas (desculpa mãe hahaha), descobri e bebi a sangria e o vinho do porto. Andei de ponta a ponta a Avenida Santa Catarina para tentar achar lojas, fui em brechós, fui no mercado do Bolhão. Apreciei a francesinha no Café do Piolho. Visitei muitas igrejas, muitas delas com muito ouro fazendo parte do cenário. Fui à uma exposição no centro de fotografia, comi pastel de nata. Fui descobrindo atalhos pelas ruelas do centro. Fui à Gaia. Andei mais um pouco e fui na casa de música, peguei outra rua e parei no jardim botânico. Como ninguém é de ferro, passei um dia de pernas pro ar no hostel olhando a chuva cair pela janela e tomando um chimarrão com hóspedes super queridos. Ouvi histórias, contei histórias. Escrevi um belo capítulo do meu intercâmbio, e da minha vida, nesses dez dias em Porto.

Já entendia, e continuo entendendo, que várias e várias pessoas fazem Eurotrips em vinte dias, tendo a oportunidade de passar apenas dois ou três dias em cada cidade, mas compreendi a beleza de passar dez dias em uma cidade nova e começar a se sentir parte da população.

Segue umas fotinhos para vocês verem =) Beijos!



Essa parte em itálico do post são dicas para possíveis viajantes, não é necessário ler, apenas se você está procurando dicas de como "se virar" em Porto.
Hostel: Com certeza indico o Yes! Porto Hostel, ótima localização, walking tour incrível, pubcrawl super divertido, ótima janta, pessoal muito simpático que te ajuda muito, ótimas instalações e super limpinho.
Meios de transporte: A bicicleta peguei na praça da Ribeira (se pedir informação por lá já te dizem qual loja). Não usei muito o metro, pra falar a verdade apenas uma vez, comprei o cartão andante e recarreguei no próprio aeroporto e fiz uso dele para chegar no centro da cidade, o resto ia fazendo tudo a pé para ver mais a cidade. Se usarem o metro, não esqueçam de validar o mesmo. Querem viajar para Coimbra, Aveiro, Braga, Guimarães a partir de Porto? Usem o comboio, acredito que é a melhor forma.
Lugares: Falei de muitos ao longo do post e recomendo ir à todos eles. Para saber melhor aonde ir, arranje um mapa e o use o máximo que puder, os mapas geralmente dão ótimas indicações da onde ir, e se você ficar no Yes! não se acanhe, peça dicas para eles que eles tem ótimas ideias para compartilhar.
Aproveite, é uma cidade linda, com uma bela história, faça um walking tour para poder conhecê-la. Se quiserem podem me perguntar mais coisas pelos comentários =)

terça-feira, 11 de fevereiro de 2014

Gentileza gera gentileza

Depois de onze dias deu tempo de por a vida virtual em dia. Havia começado a escrever um post sobre como estão as coisas no intercâmbio, mas acho que ainda está um pouco cedo para falar disso. Amanhã vai fazer uma semana que pousei na cidade maravilhosa que é Porto e sábado vou deixá-la de lado para seguir para a minha "verdadeira" cidade que é Braga, portanto resolvi optar por não falar sobre o intercâmbio agora, mas quando eu ir para Braga falo de Porto e posto fotos =)

Certo dia no prédio que moro no Brasil, cheguei e vi que alguém estava abrindo a porta do elevador, então dei uma corridinha básica para pegá-lo no térreo e não ter que esperar ele voltar. O vizinho percebeu isso e segurou a porta para que eu entrasse. Quando entrei no elevador, agradeci. Então ele me disse "que isso, gentileza gera gentileza." Tudo bem, essa frase é super famosa,e já tinha escutado ela outras vezes, mas daquela vez ela bateu em mim de uma forma diferente e venho pensando muito nisso. Não quero dizer que se alguém lhe aborda na rua pedindo por dinheiro você deveria sempre dar e sentir missão cumprida. Mas estou falando de gestos que deveriam ser involuntários como paciência com o próximo, agradecer quando alguém lhe prestou alguma ajuda, ser educado com as pessoas, ajudar quando alguém lhe pergunta algo.

Incrível como simples gestos, que podem deixar as outras pessoas satisfeitas, contentes e terem uma boa visão de você, muitas vezes não são praticados. Nos últimos dias venho precisando muito da ajuda dos outros, e, consequentemente, da boa vontade deles, e estou muito feliz com o que venho observando. Devo falar "obrigada" umas oitenta e nove vezes por dia, mas se não fosse essas pessoas, e acredito que a forma como eu as abordo, ou seja, minha educação, com certeza estaria um pouco perdida aqui. O pessoal daqui te ajuda com a maior boa vontade, explicando tudo muito certinho, no Brasil a coisa é mais simplificada (quando acontece, né). Por exemplo, hoje eu estava na rua com um mapa na mão, e um homem me perguntou as horas, lhe respondi, ele agradeceu, se virou novamente para mim e perguntou "precisas de algo, estais com alguma dúvida para chegar em algum lugar?", é disso que eu falo, eu nem perguntei nada e ele já queria me ajudar. Dois dias atrás quando pedi uma informação, recebi uma detalhada explicação de como chegar em algum lugar e ainda acabei conversando um pouco com a pessoa sobre o Brasil e no final da conversa escutando algo como "Tudo de bom para você".

Esse post não tem o intuito de converter ninguém a ser a pessoa mais carinhosa e amável do mundo, só queria falar sobre o que andei pensando e por mais mentes para pensar sobre como o mundo pode ser mais agradável, afina de contas, nossa jornada é tão curta, porque não fazê-la ser doce?

"Palavras gentis podem ser curtas e fáceis de falar, mas seus ecos são efetivamente infinitos."